Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho: PDF Imprimir e-mail
Escrito por Lúcia Simões Costa   
04-Mar-2013
Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho: uma Problemática, Diferentes Abordagens
por: Lúcia Simões Costa

1. Riscos Psicossociais: o ?Filho Pródigo? da Segurança e Saúde no Trabalho

Na parábola do filho pródigo o pai organiza uma festa para receber o filho ?tresmalhado?, dele dizendo, inclusive ao seu outro filho, que sempre havia estado com ele, ?estava perdido e se achou?
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Perguntar-se-á o que tal tem a ver com os riscos psicossociais. De facto, aparentemente, nada, mas na realidade muito.
De ?um momento para o outro?, e até de forma inesperada, eis que aparece na literatura científica e técnica, nos relatórios e pareceres de organismos e instituições nacionais e internacionais, nas campanhas veiculadas, nos simpósios, colóquios, encontros e congressos, na formação, apressadamente proposta em tantas ?escolas? (des)conhecidas, o interesse, a preocupação e o desassossego com a avaliação, a visibilidade, o (re)conhecimento da existência dos riscos psicossociais. Ou seja, e voltando à parábola, um ?filho tresmalhado? que ?estava perdido e
se achou?. Este ?filho?, que sempre existiu e que foi aparentemente esquecido ou ao qual se perdeu o ?rasto?, voltou pela ?boca? de tantos, de tão diversas formas, sendo recebido com um tão grande ?festival? de luz e cor que quase fez desaparecer os ?outros filhos? da segurança e saúde no trabalho. Com tanto ?ruído?, surge, no mínimo, uma dúvida: do tanto que se invoca sobre este tipo de riscos, sabe-se, realmente, do que se está a falar? Ou, mais concretamente, a pergunta que se impõe, afinal o que se está a dizer, quando se fala de riscos psicossociais?
A resposta parece ser simples, mas só numa abordagem superficial, pois quando aprofundamos o seu estudo,quando atendemos aos diferentes pontos de vista e analisamos diferentes correntes de pensamento, de investigação e de intervenção, percebemos a complexidade que rodeia a noção de riscos psicossociais. As simplificações tantas vezes convenientes, que tanto contribuem para fazer brilhar mentes (e vaidades), acerca de assuntos que dizem respeito ao ser humano, devem ser utilizadas com cuidado e o aprofundamento de matérias sensíveis como a segurança e saúde dos
trabalhadores a isso deve obrigar.
Atendamos a algumas questões básicas no domínio desta problemática:
? Qual a definição conceptual do termo riscos psicossociais? Existe uma definição epistemologicamente reconhecida? A resposta é não.
? Se essa definição não existe, o que se mede em termos dos riscos psicossociais? Aparentemente tudo, ou quase tudo, desde o stresse profissional aos traços de personalidade.
? Face à importância atualmente dada à avaliação dos riscos psicossociais é necessário medi-los para provar a sua existência? Há quem afirme que não. Aliás, para alguns autores a noção de riscos psicossociais ..........